Nunca estranhou haver duas praças tão juntas - Rossio e Praça da Figueira? É que do lado nascente havia um animado mercado que remonta aos tempos depois do terramoto de 1755. Depois da calamidade que devastou a cidade ali se ergueu uma grande montra de comércio.
Imagine só: frutas, hortaliças, aves de capoeira. Um mercado a céu aberto, sobre terra batida, nesta praça onde apenas no século XIX se instalaram postes de iluminação. Essa construção iria abaixo em 1883, para ser inaugurado um novo mercado de ferro, uma imponente construção bem ao gosto da época, numa cerimónia onde marcou presença a família real, claro está.
Durante anos, o mercado fervilhou com vida, e era um dos centros nevrálgicos da cidade, mesmo ao lado do Rossio. Em 1947 aprovava-se a sua demolição, depois de polémicas debates sobre a sua antiguidade. O mercado acabaria por ser vendido a um sucateiro do Porto, pondo-se fim à vida ali vivida e a uma brilhante obra de arquitetura. Hoje, a Praça da Figueira é um lugar ainda em transformação, resistindo a memória do mercado para aqueles que ainda se lembram dele.