Ciclóptico, uma exposição individual do artista português Paulo Lisboa, inclui uma instalação e vários desenhos maioritariamente concebidos no último ano.
Na prática artística de Paulo Lisboa, é notória a estreita cumplicidade entre o desenho, os materiais e os dispositivos óticos a partir da qual o artista desenvolve uma persistente experimentação sobre as suas potencialidades estéticas e percetivas.
É um imaginário que convoca uma longa genealogia de modos de representação visual, desde os mitos sobre a origem da imagem (e da arte), passando pelo uso da camera obscura e, mais recentemente, pelos aparatos do tempo da técnica e da eletricidade que vieram exponenciar o horizonte de possibilidades na captação e projeção da imagem – como aconteceu com a fotografia, o filme e o vídeo.
Por outro lado, podemos também enfatizar que é um trabalho que se centra nas qualidades físicas e estéticas da luz, como meio e como matéria.
A forma circular destaca-se no conjunto das obras, bem como o uso do carvão, cuja aplicação em suportes de alumínio e vidro implica processos morosos e calculados de sedimentação por camadas.
Na interação entre o carvão e os seus suportes, importa relevar os possíveis efeitos de opacidade, transparência e reflexo, ou seja, diferentes formas de reação lumínica.
Com uma notável economia de meios, estas obras de Paulo Lisboa exprimem a sua vontade de traduzir a luz em desenho, na sua forma mais pura.