No meio do Chiado, há uma pérola de Itália, com 500 anos. É a Igreja de Nossa Senhora do Loreto, fica ao pé do Largo Camões, e é ponto de encontro e até berço da Nação italiana.   

Os italianos são hoje a maior comunidade europeia a viver em Lisboa, atraídos pelas regalias fiscais. Mas não é de agora que Lisboa é uma “galinha de ovos de ouro”, aos olhos de Itália. Foi em plena “expansão atlântica”, no século XVI, que o número de italianos cresceu na cidade. A zona do Chiado, a Rua Nova de Almada, a do Alecrim e a Praça de Camões eram verdadeiros enclaves italianos. Há quem diga que o “Chiado era italiano”.

Os mais ricos tinham lojas, livrarias, lojas de tecidos, de pedras preciosas e até de “chapéus de chuva feitos com ossos de baleias”.  

Unidos e enriquecidos, os italianos compraram um terreno vago, em 1518, junto à antiga muralha de D. Fernando, para construir uma “Igreja da Nação italiana”, independente do poder português.   

A Igreja do Loreto tornou-se um ponto de encontro, uma espécie de café quinhentista, onde podiam falar na língua de Dante Alighieri e discutir negócios. Dedicaram-na à Nossa Senhora do Loreto, um culto frequente em Itália.  

Mais curioso: em Lisboa, os italianos punham para trás das costas todas as rivalidades políticas e regionais. Nessa época, a Península itálica era um mosaico de estados, principados, ducados e domínios do Papa e, por isso, só nasceu como um país unido no século XIX.

Para os historiadores, Lisboa é um dos berços da própria ideia de Nação Italiana, de uma comunidade unificada.  

500 anos depois, no Loreto, ainda há missa em italiano aos domingos e muitas tradições mantém-se. O Reitor e toda a Junta que cuida da Igreja são italianos.

Por João Damião