É do Tejo que melhor se vê, na primavera, o manto roxo que invade a cidade de Lisboa com os seus jacarandás. E é justo, porque o Tejo tem tudo a ver com a história destas árvores na cidade - chegaram no início do século XIX, do Brasil.

Quem trouxe os jacarandás para Lisboa foi Felix Avelar Brotero, o pai da Botânica em Portugal, no Jardim Botânico da Ajuda de 1811 a 1826. E ofereceu sementes a quem quisesse cultivar pela cidade. A introdução da planta antecede o regresso da Corte portuguesa do Brasil, numa altura em que os pigmentos do espectro azul eram valiosíssimos. Para a realeza esta planta, pelo seu exotismo, tinha um valor não comercializável: era uma forma de demonstrar o poder real.

O Rei D. João VI, quando regressa a Portugal, decide que o Jardim Botânico deve abrir todas as quintas feiras ao público. Se ainda hoje nos impressiona, apesar dos estímulos a que estamos expostos, imagine-se na altura.

A floração do Jacaranda mimosifolia desperta com a temperatura que teria o mesmo efeito na América Latina, e que só é atingida em Lisboa no anúncio de verão de uma primavera tardia. É uma árvore exótica, que veio da Argentina, Bolívia e Paraguai, e que tão bem se adaptou ao nosso clima.

Esta necessidade de temperaturas elevadas, impede que a árvore seja uma boa escolha para zonas a norte do Tejo – por isso fica aqui, por Lisboa. As duas árvores do Jardim Botânico, talvez por serem as primeiras a ser aclimatadas a Lisboa, são as últimas a florir na cidade - e têm uma floração mais exuberante.

Em Lisboa, até fim de junho, o espetáculo dos jacarandás em flor pode ser visto, sem convite, nos mais diversos cantos, mas os principais destaques são o Largo do Rato, Parque Eduardo VII, Largo do Carmo, Av. D. Carlos I e Av. da Torre de Belém.

Por Leonardo Rodrigues