A comunicação nem sempre se fez com telemóveis e computadores. Aliás, a revolução das comunicações e dos transportes entrou em marcha no século XIX. Em Portugal, um dos primeiros grandes passos para a transformação da forma como se comunica além fronteiras deu-se no dia 16 de setembro de 1856 com a instalação da primeira rede telegráfica elétrica, em Lisboa.

Um feito que se deveu à política de desenvolvimento das comunicações encabeçada por Fontes Pereira de Melo, ministro das Obras Públicas, do Comércio e da Indústria, uma das figuras mais importantes do seu tempo, responsável pela revolução dos transportes e comunicações em Portugal.  

A primeira rede de telégrafo foi contratada por Fontes Pereira de Melo e Alfredo Bréguet, representante da firma Bréguet. Um delegado de Bréguet, que ganhava 500 francos por mês, foi o responsável por construir, no prazo de doze meses e sob a supervisão de um engenheiro português, as linhas indicadas.

Em 1856, inaugurava-se a primeira rede, com 25 quilómetros, que fazia a ligação entre o Terreiro do Paço e as Cortes e entre o Palácio das Necessidades e Sintra.

Esse foi um evento que passou despercebido aos meios de comunicação, salvo uma referência no Jornal do Comércio.  Talvez tal tenha acontecido por o dia ter coincidido com a coroação de D. Pedro V ou então por causa do secretismo das Forças Armadas (a telegrafia entrava no país através dos militares).

No ano seguinte, a telegrafia era aberta ao público. No início dos anos 60 do século XIX, crescia exponencialmente, atingindo cerca de 2000 quilómetros.

Tudo isto acontecia numa altura em que cabos submarinos passavam a ligar Portugal ao mundo: primeiro  com ligações a Inglaterra e a Gibraltar, depois à Madeira, Cabo Verde e Pernacumbo. Mais tarde, as ligações expandem-se ainda mais: a Vigo-Caminha, Carcavelos-Ponta Delgada, Horta e a todo o arquipélago dos Açores.

Em 1900 a extensão telegráfica chega a 8000 quilómetros e de 1911 a 1926 ascende aos 9000. A mudança entrava em curso, aproximando Lisboa de todo o mundo.