Este é um doce com lugar especial no património gastronómico e até literário português: compõe a lista de sobremesas portuguesas preparadas à base de queijo e rivaliza com outro gigante da pastelaria nacional, o pastel de nata.

No cruzamento entre as ruas da Prata e da Conceição, a loja das Queijadas Finas de Sintra é um convite para provar o doce, pequeno nas dimensões, mas enorme nas pretensões de rivalizar com outro gigante da pastelaria portuguesa, o pastel de nata.

A receita é simples: queijo fresco, açúcar, gemas de ovos, farinha de trigo e canela esconde a grandeza de uma tradição de Portugal. Há quem costume dizer algo politicamente incorreto, mas que serve para ilustrar o peso de uma sobremesa como a queijada na tradicional mesa portuguesa: “A sobremesa sem queijo é como a moça bonita com falta de um olho”.

As queijadas de Sintra têm ainda lugar especial no património português, adocicando as páginas de um dos marcos da literatura portuguesa, polvilhando com farinha, açúcar e canela as entrelinhas de Os Maias, um dos romances irónicos do escritor português do século XIX, Eça de Queiroz.

A loja dá continuidade à tradição que começou em 1903, quando a queijada passou a presença obrigatória nas feiras populares e corridas de touros, até jogos de futebol. Estas queijadas começaram a sua abordagem a Lisboa através do Estádio da Luz.

Agora, no epicentro turístico da capital, lisboetas e turistas de todo o mundo saboreiam as queijadas de Sintra, eternizadas nas páginas escritas por Eça de Queiroz, e estas juntam-se a Os Maias como um dos grandes prazeres da cultura portuguesa.

Por Álvaro Filho