A estátua grande representa o Marquês de Sá da Bandeira - ele foi o responsável pelo chamado abolicionismo da escravatura em Portugal. Mas há um pormenor que lhe pode ter passado despercebido: em baixo há uma outra estátua, a de uma mulher acorrentada, com o filho ao colo.

Essa mulher que aponta para o Marquês ficou para sempre conhecida como “Preta Fernanda”. O seu nome verdadeiro era Andresa do Nascimento e haveria de se tornar célebre na sociedade lisboeta do século XIX - e para sempre ficaria imortalizada nesta estátua.

Andresa do Nascimento nasceu em 1859, em Cabo Verde. Aos 18 anos apaixonou-se por um capitão que lhe prometeu casamento, e com ele embarcou. Mas as promessas dele revelaram-se vãs - o capitão acabaria por abandoná-la em Dakar. Entretanto, Andresa casaria com um alemão, com quem acabaria por partir para Lisboa e com quem teria dois filhos.

O destino do marido, não se sabe ao certo. Mas o que se sabe é que para sustentar os dois filhos, Andresa posaria como modelo para um escultor italiano. Seria também criada de uma senhora da alta sociedade, até amealhar dinheiro suficiente para abrir o seu bordel - Andresa, ou Fernanda, tornava-se assim uma famosa cortesã, bem conhecida da elite lisboeta. Conta-se até que terá sido ela a única a assistir até ao fim à apresentação do Ultimatum Futurista de Almada Negreiros, um documento do futurismo português.